Hoje não ando muito a fim de escrever qualquer coisa. Noite monótona na segunda-feira de carnaval, minha esposa vendo desfile de carnaval sozinha na sala (será que estou sendo ausente?) e eu aqui ouvindo uma banda argentina das antigas, Aquelarre (1972). Você leu sobre a banda e nem vai atrás ouvir, certo? Ai se eu te pego... faço nada!
Se fosse há uns 15 anos atrás, eu estaria com 14 anos, bêbado no banco de trás de um fusca de um amigo meu ("fuca" preto, lateral vermelha, faixa branca), pagando de adulto na frente do Grêmio CP esperando minha vez de sair pegando geral no melhor carnaval de salão de Jundiaí! Carnaval esse que é igual a Poupança Bamerindus... nem existe mais! Mas estaria eu lá com sangue no zóio e teria passado o dia ansioso para chegar tal hora (ou teria ido à matinê tentado tirar leite de pedra). Bons tempos que não voltam mais e que nem faço questão de voltar atrás. Passou uhuuuuu, legal e tal... mas a vida pede que você dê um passo para frente. Mas mesmo assim fico imaginando eu com 14 anos me olhando com 29. Manja? Tipo aquelas cenas imbecís do De Volta para o Futuro? "Pqp João! Eu vou virar isso ae? Casado, não bebe mais nada, legal que você agora tem carro e tem barba! Olha que massa... deixa crescer isso ae... e você também continua ouvindo sons massas... qual o nome da banda????" Seria mais ou menos isso...
Eu nunca acreditei, mas acontece. Tudo muda! Gostos mudam, objetivos mudam, é o passo para frente (ou para alguma direção). Fico ainda meio intrigado quando vejo amigos que se esforçam em continuar com as mesmas coisas. Será que é minha implicância gratuita com as coisas? Saciar com o mesmo durante tanto tempo? 15 anos rolando no chão e batendo no peito que sai no fim de semana para encher a lata, todo fim de semana? Juro que não entra na cachola a idéia de ter o mesmo filme rodado tantas vezes. Vai que eu que estou errado. Ele curte e eu que sofro de graça! Nem consigo deixar meu cabelo ou minha barba sempre igual! Do alto da experiência do meu avô, 93 anos de vida e 75 de bigode, ouço "João, você precisa se decidir sobre sua aparência... eu com 18..." aí o resto é bigode! Opa, história ainda sendo escrita!
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Quem sou eu para falar de um bigode desse? |
Lembro de um amigo meu me dando esporro, lá pelos meus 17 anos "hoje você só pensa em nadar... uma hora você esquece isso e vai precisar sair para ganhar dinheiro, aí só vai querer ganhar dinheiro!" Nãoooooooooo... água todo dia, saúde, ihaaaa... e esse dia chegou... ganhei uma pança com ele, passei a encher a cara com frequência e passei a vomitar com frequência por bares, ruas e até em casa mesmo! Que beleza! Legal não? Descolado? Depois do terceiro gole do goró não se bebe para apreciar, se bebe para apreciar o chão de mais de perto ou deixa todo mundo legal e atraente! Inclusive você mesmo, isso sim! O ganhar dinheiro faz parte da roda do rato, outra mudança necessária! Ou se faz isso, ou bora viver na barra dos velhos para sempre! Ok, bora cair na vida e ter alguma autonomia. Mas encher a lata não tem mais nada a ver com ganhar dinheiro, isso cansa (encher a lata). Toda vez o resultado é igual: você chega cansado no lugar, começa a conversar com os camaradas, bebe um, dois, três, quatro... só alegria! A cabeça vai tomando vida própria, você vira um Raulzito das idéias! Resolveu as equações que não sabia, você sabe a resposta das perguntas! Toda mulher olha para você, mesmo que você não acredite! Se diverte, dá risada, volta para casa sabe-se lá como. O dia seguinte parece que você dormiu comendo sola de sapato. Dor de cabeça, promete 15 vezes que essa foi a última vez que trincou o caneco... mas passou do almoço já está zeradão! Booooorra encher a lata. Isso é legal, mas não cansa não?
Fico vendo nossos velhos hipertensos, diabéticos, cheios de problemas e ainda enchendo a lata como faziam há mais de 35 anos! Para não dizer 40 anos! Carambola, mal de geração ser tão medrosos com mudanças? Mal sabem de alguém que decidiu por parar de beber e já soltam "tá doente?". Doente é você! Tão flexível como a Pedra da Gávea, tão dinâmico como uma lápide! Ou então "Ahhhhh... pára... toma só um gole... eu não tenho problema nenhum, fiz isso a vida toda... bora lá, um gole só, coisa de macho!". Isso! Coisa de gente de muito valor, tanto que qualquer barnabé caído bêbado na rua consegue fazer o que o senhor faz! De novo, ser transparente é uma arte e tem coisas que enchem o saco demais! São Dexter vem auxiliando os que escolheram por livre espontânea vontade àqueles que escolheram dar um tempo no goró: é só dizer que está tomando remédio e não pode beber. Pronto! Quem bebe, continua bebendo feliz, quem parou por que quis, parou e passa em branco! Daqui há uns anos prometo uma visita a você no hospital ou na sua casa sozinho, já que sua família não aguentou um velho breaco!
A propósito, você que gosta de rock'n roll, largue um pouco de lado o Led Zeppelin (que é muito massa, por sinal) e ouve o Aquelarre, vai saber o que é escolher ficar fora da fila brasileira por um tempo. Manja essa fila? Imagina um shopping onde tem 3 cancelas para você sair com o carro do estacionamento. 2 estão vazias e 5 carros em uma, o que você faz? POR FAVOR NÃO FALE QUE AS OUTRAS ESTÃO QUEBRADAS! Chega de ser um na manada! Ou não né? Mas pelo menos me deixa sozinho na cancela que eu saio e não encho o saco de ninguém!