sexta-feira, 29 de abril de 2011

Quem viu o casamento real?

Que beleza… nada melhor que o clichê um dia após o outro. A roda do rato de laboratório virando sem parar, chega o fim do mês uns recebem o salário, outros se apertam esperando o dia 5, mas uma coisa é constante na vida de todo mundo que me rodeia: o salário parece pingo d’água na frigideira, caiu na conta shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhfriiiiiii!
“Oi salário, tchau salário” e bora de novo esperar o próximo dia do pagode para matar as contas highlander que nunca acabam, nunca vão acabar, você vai morrer e elas lá vivas e impiedosas massacrando sua prole e toda sua amaldiçoada descendência. Só que alguns nasceram com o botão virado para Lua, Marte, Saturno, ex-planeta Plutão... era só ligar a telinha hoje que um exemplo disso estava se casando! Já imaginou seu casamento sendo transmitido para milhares de lares, por centena de emissoras e países e, o melhor tudo, devem ter se acotovelado para pegar o melhor ângulo, momento e circunstância da cerimônia e terem pagado para isso? NEM DE GRAÇA! DEVEM TER PAGADO O OLHO DA CARA PARA PEGAR O PRINCIPE WILLIAN BALBUCIANDO PARA SUA KATE “VOCÊ TÁ UMA GATINHA, HEIM?” (graças aos profissionais renomados de leitura labial alinhados lado-a-lado, nas cabines de imprensa do Estádio da Abadia de Westminster, como nos 100 metros rasos na olimpíada! Imagina todos eles queimando a largada? Ou ainda cada um com um daqueles desagradáveis lasers apontando para a cara de seu oponente para sabotar a perfeita leitura dos lábios reais? Heim heim? Mundo cão!).
Todo o mundo parando para ver um (dois) “sim”! A dona de casa parou de passar a roupa do marido, o marido parou de se arrumar para ir para o trabalho, o importante resultado do trabalho dele vai atrasar um pouquinho, o cliente vai receber com um certo atraso o produto dele, mas o cliente também estava vendo a cerimônia... (depois de uns bilhões de pessoas atrasando a vida da outra)... o cachorro no gato, o gato no rato, a mosca na véia e a véia a fiá! Estava um civil em seu lugar... veio o Gaddafi lhe fazer mal... (aka símbolo do infinito, muito prazer!). Gaddafi ou Kaddafi? Ou ainda Qadaffi?  Não sabe não?! Depende do que você coloca antes do .com.br!
Vou falar que eu fico indignado com essa imensa cobertura e tempo dispensado para uma cerimônia dessas! Eu não conheço nenhum dos noivos, nem de “só oi”! Minha vida não muda: quando o princípe virar rei ele não vai influir na política externa britânica, não vai percorrer o mundo fincando aquelas bandeirinhas britânicas na Ásia e África (já com nações pré-muito-pré-estabelecidas) como seus antepassados fizeram, não vai tentar parar a influência de Napoleão Bonaparte na Europa Continental, não vai mandar bombardear a Alemanha Nazista ou frear o avanço do Império Romano! Eita! Nada né? “Mas é uma cerimônia linda!” alguém vai dizer... “É a realeza”... não me convenceu ainda! “Plebéia com sangue azul! Podemos interpretar que os ingleses estão se flexibilizando, mostrando ao mundo que o mundo mudou! Nova novíssima ordem mundial  e...” cala a boca bicho! Vai brincar de interpretar símbolos num jogo da memória de computador! Olha só dá para parafrasear o dito do "de grão em grão": “De interpretação em interpretação, o mundo vai chegando perto de um buraco” (Autor desconhecido).
Que que você ainda tá falando? Tá bom, vai... fala... última chance... “É que é uma tradição na... “ hummm... pera ae... tá aí um negócio que pode fazer algum sentido. Tradição é um treco que é passado de geração em geração, traz identidade a um povo que a possui e, em algum momento, faz todo mundo perfilar ombro à ombro em igualdade. Olha só! Igual aqui no Brasil o... o... é... hunf hunf... dá um exemplo aí! Carnaval? Aquele momento em que você compra um pacotinho de viagem que custa o olho da cara, fica dentro de uma cordinha 4 horas e quem fica fora toma borrachada dos “homem” e fica num aperto danado (tira Olinda dessa lista)... ou ainda te dá o direito de ficar horas e horas parado numa fila de carros que só é menos burra que a fila da cancela do Sem Parar em Shopping, cheia de carros colocando cartão, e do lado umas 3 cancelas vazias! Acho que do jeito que eu coloquei, engarrafamento já é tradição beeeem brasileira e igualitária, já que todo mundo fica perfilado carro à carro e não importa se o caboclo tem uma Brasília ou um Porsche, vai ficar parado no trânsito quieto e esperar o nego da frente andar alguma coisa. Ahahhahahahahahahahahahhaa, imagina se a buzina de motoboy tocasse o hino nacional? Todo mundo de mão no peito cantando parado no trânsito! Hahahahahhahaha!
Agora senti uma inveja, não conta para ninguém, beleza? Enquanto lá na terra da rainha o povo pára para ver um símbolo deles (não que eu concorde com o símbolo, esse é outro papo!) aqui a gente joga uma pá de terra e uma lápide de indigente nas nossas tradições! Já se ligou nessa? Folia de Reis quase não existe mais...  vai perguntar o que é Saci para uma criança! Sacifufu é o máximo que ela pode responder! Fala agora halloween para um feto? É a neocolonização ideológica vindo barquinho wireless!
Aquela papagaiada de abóbora com uma vela espetada e todo mundo fantasiado de Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, é um lixo só!  É legal de onde veio, para mim não faz sentido nenhum! Pára de perder seu tempo e vai se fantasiar no carnaval de salão (bota esse cara na lista da UTI)! São Patrício? O brasileiro é uma esponja, faça chuva ou faça sol, bebe igual uma vaca louca! Vou te falar que o Lobisomem de Joanópolis, o Chupacabra e o ET de Varginha já são mais relevantes! Do outro lado, a realidade das coisas é meio mutante mesmo, senão estaríamos sentados contando no ábaco, acreditando que o trovão cai na terra quando Aura Mazda e Auriman estão saindo na mão e oceano católico acaba quando o mundo plano chega ao fim. Só que engolir a seco tudo que nos empurram sem dó é assassinar nossa identidade. Que identidade? Booooooooooa pergunta tssssssssssssssssssss:
A melhor definição dessa identidade que eu ouvi foi de um padre argentino. Depois de ver uma mostra de arte religiosa eu fui inventar de falar para ele como brasileiros e argentinos eram muito parecidos na formação de seus povos, bla bla bla... aí veio o pulo do gato do padre em português (Sim! Um argentino se esforçando para falar português e um brasileiro se esforçando com o espanhol! Que fraterno! Que gracinha!) “... e então existiam os indígenas aqui, com seus costumbres, estabelecidos na terra... aí veniram os europeus sobrepondo sua cultura sobre os indígenas... aí eles se misturaram... e aí... e aí... e aí... e aí...” E aí?

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