Mas do alto de quem perde o tempo acessando esse blog aqui, com certeza não passou por um treco desses, certo? Rá! Será? Será? Será? O mundo todo é uma tábua plana com todo mundo dirigindo do lado esquerdo do carro, semáforo sempre se chama semáforo e andar a noite na rua é um perigo só! De novo, pergunto novamente, será? Será, meu filho? Eu acho que esse é um dos grandes erros do ser humano: imprimir no resto àquilo que lhe é sabido. Interpretação também é um dos maiores erros da humanidade, mas foco! Bora manter o foco!
Que carinha de nojinho que muita gente faz quando chega em outro lugar que não seja o Brasil e não se serve arroz e feijão. "Como não tem arroz e feijão?" Ué filha, não tem pô! Não é fina? Come a parada aqui sem arroz ué! Aqui é assim! Sempre foi assim, você vai morrer, seus filhos também vão passar por essa vida e, provavelmente, aqui continuará sem arroz e feijão!
Outras coisas engraçadas também são alguns valores completamente opostos de um lugar para o outro. Vou eu entrar em algum lugar mais bonitinho de havaianas nos pés. Bem capaz que me barrem... mas vai para Europa! Essa tirinha de borracha amarrada de um jeito safado numa prancha de borracha é coisa chique, digna de uma mulher com uma pele de raposa no pescoço e jóias pelo corpo! Que cretinisse. Um exemplo menos materialista é falar "bom dia" e "boa noite" para todo mundo que você cruza na rua: pode ser normal em tal lugar, dispensável em outro e realmente ofensivo em lugares que não é necessário ser cordial com quem você não conhece! Pára e pensa, alguma coisa é correta nessa vida? Cada dia que eu respiro mais um pouco chego à conclusão que não.
Imagina agora um cara cabeludo que se amarra em visitar uns lugares históricos. Fez a imagem do cara? Legal! Ele andou bastante o dia todo e, por isso mesmo, estava portando uma camisa de time de futebol (dry fit, essas desgraças que secam o suor rápido). Ele estava num lugar meio longe de onde ele mora. Andando nas praças e ruas desse centro histórico, tem sempre alguém panfletando ou vendendo algo. Mas não chegam nem perto de dar um papel com um reclame de restaurante para ele. Esquisito, não? Quanto mais cedo o cara distribuir seus folders comerciais, mais cedo acaba o trabalho, não é não? Esquisito mais uma vez... mas fazer o que? Parando em frente a um espelho ele certifica-se que não é transparente, não é vampiro, nem fantasma (se belisca até sangrar). Então vai seguindo seu itinerário até uma igreja antiga (dica dele depois de tomar na cabeça: visitar igreja de domingo é uma roubada danada, especialmente num país muito católico, que que ele viu? Missa para todo lado e toda hora! hahahaha). É bom lembrar que ele não crê em algo de barba branca, que pune todo mundo que não segue sua cartilha. Nem acredita que ritos e obras diversas são mais importantes do que ser correto e cordial dia após dia. Também não coloca ciência como escudo-ideológico-clichê-pastelão como premissa para as coisas que não sabe explicar... nego difícil esse!
Recolhe a pipa e volta! Igreja adentro, missa. Com dizeres garrafais "Não é permitido turistar durante as missas". Ok ok. Ele se dirige às cadeiras no fundo respeitosamente e vai seguindo o ritual: fica de pé, senta, dá a mão, dá paz de Cristo sem saber falar isso na língua desse lugar (bom lembrar, a primeira vez que ele participou dessa de paz de Cristo numa igreja foi bem assim: "Blz cara!", "e aí?", "tudo de bom para vc"... e todo mundo olhando torto... ué? Não era para se desejar o bem? Não entendi... não sabia. Dá próxima vez ele ia sair dando paz de Cristo na rua). Ele já foi desses que ficava o tempo inteiro sentado na cerimônia/ritual, como forma de protesto, bravo, não concordando com aquelas patacoadas de sermão "se você não contribuir com dízimo você estará no mesmo nível de um escravo egípcio", mas que protesto pequeno esse né? Chega a ser birra... pago um páu danado para as pessoas que passam desapercebidas no meio de um lugar que não têm nada a ver com elas (aka: vejam o seriado do psicopata Dexter! Odeio seriados, mas este me ensinou muitas coisas, sem necessariamente precisar/querer matar ninguém). Terceira vez recolhendo "o pipa". Então, chega a hora que um casal tira uma cesta para recolher um dinheirinho. Vai passando na igreja toda, o homem do lado esquerdo e a mulher do lado direito. O homem vem até o fim, nosso protagonista com as moedas na mão, e o tal homem não passa nem perto dele! "Espelho espelho meu, que que será que contece com eu?". Agora vem a senhora, abro um sorrisão, ela pára e volta para o altar sem passar por ele! Ué? Pode ser o cabelo comprido mal encarado, acho que só Jesus e todos os santos e padres e papas que estão nos murais podem usar cabelo comprido! Ou será que é a camiseta de futebol? Num país campeão em copa do mundo, ninguém gosta de futebol... é! Pode ser isso! Ou ainda seu sorriso? Ser carrancudo e triste deve ser premissa. Enfim, ele desencanou, já que nenhuma dessas respostas iria mudá-lo ou iria mudar o lugar que ele estava e ficou vendo a missa tendo como trilha sonora música renascentista tocada naqueles órgãos centenários. Fim da missa.
Hoje eu te entendo. Conheço a história de uma menina-mulher (ela tá na dúvida ainda) que se aventurou num país do outro lado do mundo. Entretanto, ela não passava desapercebida. As pessoas olhavam para ela como se fosse um ET ou coisa do outro mundo. Sacavam seus celulares modernos e começavam a tirar foto, filmar, rir e apontar em sua direção. Por um lado, isso aumentava sua auto-estima, mas por outro a deixava triste. Não dava para saber o que os outros seres estavam pensando. Sabia que era dela, mas não sabia o quê. A distância que a língua impunha era gigantesca. A diferença dos costumes era um abismo. Moral da história? Eu acho que é a mesma que a sua, não?!
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